Aos 98 anos que meu pai Pedro faria em 13 de julho
Ele faria 98 anos hoje. Pedro Gonçalves se dividiu entre trabalho, família e boas amizades. Mas a idade e o corpo físico lhe deram um rastapé. Foi-se deixando uma lacuna. Tinha feito muito pelas filhas e netos. Deixou casa pronta para todas. Deixou princípios e valores bem claros sobre como deveríamos prosseguir.
Ele não viu o Coronavirus derrubar as economias individuais e coletivas e isolar as pessoas. Ele não viu os últimos e malfadados governos que prometeram uma sociedade digna e falharam. Ele não viu muita coisa ruim.
Não viu também muita coisa ótima, como os bisnetos Lucas e Nauã. Não viu as três filhas se posicionando no século XXI com mais garra que nunca. Não viu o seu amado futebol virar coisa sem graça. Não viu os novos ritmos musicais. Nem a liberdade sexual que se desenha, com agravos e acertos.
Pedro construiu uma vida sólida. Muitos ainda lembram sua mania de ajudar vizinhos, de consertar coisas quebradas e de caminhar por Sampa. Eu lembro de nossa convivência como um aprendizado de como me portar com meu próprio filho e onde suavizar ou onde manter firme.
Pedro já tinha tido duas esposas. Sentiu solidão, sim. Foi super amado. Escreveu sua narrativa de operário, metalúrgico, cidadão. "Seu Pedrinho" para os mais chegados.
Hoje rendo minha homenagem ao homem que criou três mulheres fortes e nenhum filho homem. Quantos o conheceram souberam de que sua palavra valia. A palavra de um homem de bem. Sinto muita saudade.
Valeu, pai!
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