Diabetes e as emoções que provoca...

 






Como toda doença crônica, a Diabetes causa mudanças de humor pela perda de liberdade em relação a hábitos alimentares, introdução de novos ritmos de exercícios físicos e sensação de vulnerabilidade devido à predisposição a doenças decorrentes do longo uso de medicamentos. 

Fazer um acompanhamento psicológico após o diagnóstico e durante o tempo de eventuais crises de ânimo é algo pouco adotado individualmente pelos portadores, além de ser uma política preventiva em saúde com pouco destaque, apesar dos protocolos e das campanhas de educação do SUS - Sistema Único de Saúde.

Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que 1 em cada 11 pessoas no mundo tem Diabetes. Já no Brasil, 8,9% da população possui a doença (dados de 2019). No entanto, desse total, 50% não sabem do diagnóstico (www.diagnosticosdobrasil.com.br, 2019). Em 10 anos, a população diabética no Brasil aumentou 60 por cento (MS).

Com essa taxa alarmante de crescimento ano a ano no número de diabéticos do Brasil, o custo econômico e em pessoal estratégico no SUS, ao oferecer apoio e medicamento gratuito a esse contingente, até o ano de 2030 remontará a 123 bilhões de dólares, ainda  segundo o órgão federal.

Pensando que o SUS também tem de arcar com campanhas em prevenção, a carga desta única doença no sistema é absurdamente pesada no orçamento do Ministério da Saúde.Viver com a diabetes é um desafio. Muitas pessoas tiram isso "de letra". Outros não.

O portador da doença não tem capacidade biológica de degradar moléculas de glicose de maneira rápida ou em velocidade constante pelo déficit de insulina disponível no seu metabolismo. O diabético é um doente crônico que dependerá pelo resto da vida da disponibilidade artificial desta substância mediante injeções de insulina. 

Sabemos que por si só essa dependência modificará seus hábitos e afetará seu estado emocional ou sua expressão plena de vida. O coração e o cérebro também poderão ser afetados quanto mais tardio for o diagnóstico. Há ainda a pré-diabetes, com quadro mais leve, além a diabetes gestacional, que se manifesta durante o período de gravidez - único tipo que pode ser revertido com tratamento precoce. 

Os principais sintomas dos diversos tipos de Diabetes: infecções frequentes de bexiga, rins e pele, fome, sede e cansaço constante, mudanças de humor, perda de peso, falha de cicatrização de feridas ou de  coagulação sanguínea, náuseas e vontade de urinar frequente.

Um dia de cada vez...

Todo paciente crônico é um ser que luta por tornar-se estável nas suas escolhas cotidianas. Isso por si só estressa e muito. O acompanhamento psicoterapêutico deveria ser oferecido ao diabético desde o início e junto com os outros cuidados. 

Vamos ver as principais causas? Cerca de 80 a 90 por cento das pessoas diagnosticadas apresentam o tipo 2. Decorre do sedentarismo, idade superior a 40 anos, obesidade, pressão alta e predisposição genética. Para as mulheres, uma gestação de filho com peso elevado pode roubar as reservas metabólicas e aproximar o quadro de pré-diabetes, quando as taxas de glicose no organismo costumam subir perigosamente.

Injeções de insulina são o método atual para se controlar o nível de glicose no organismo. Imaginar essa relação invasiva para toda a vida e as renúncias alimentares que se tem de fazer a curto prazo após o diagnóstico também precipitam depressão e desânimo. Nesse sentido, grupos terapêuticos focados em doentes crônicos têm sido um bom caminho para alívio emocional e difusão de uma visão solidária entre os portadores.

Evitar o estresse por doença crônica é uma grande contribuição da psicoterapia. Até porque a obesidade por sedentarismo é um quadro difícil para se reverter sem motivadores emocionais. Por fim, a ansiedade pelo cortar radical dos alimentos doces (que trazem acolhimento psíquico) é um desafio para pessoas mais emotivas. É como se a vida perdesse sabor e exigisse um reeducar das memórias gustativas.

Se você é diabético, procure ajuda na rede de saúde sobre como e onde funcionam grupos terapêuticos. Entretanto, nos casos mais agressivos de depressão por doença crônica, a ajuda da psicoterapia individual é inegável e deve ser oferecida a um número maior de portadores. Nem só de remédios depende uma vida equilibrada, mas de paz de espírito para seguir os  tratamentos e ter a resiliência necessária para levar a vida do jeito leve que ela deve ser vivida.

(Psicóloga e psicopedagoga Rosemari Gonçalves - foto: Google) Whatsapp: 27996580809




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

As primeiras batalhas do sexto passo do herói interior

A felicidade importa, sim