Que tal fazer a sua psicoterapia enquanto caminha?

 

Foto: Pixabay

O atendimento que acontece enquanto terapeuta e cliente caminham é chamado de terapia peripatética e se compara ao modus-operandi da escola do filósofo grego Aristóteles, que ensinava seus alunos enquanto faziam juntos passeios ao ar livre. Também é uma prática de psicanalistas como o próprio Freud, que tratou fobias passeando com seus pacientes num jardim.

Mas, apesar desse nome parecer uma conversa tediosa em que só um fala e outro escuta, a psicoterapia fora do consultório - em locais tranquilos, seguros e escolhidos junto  com o cliente a partir de seus interesses sociais - é mais como uma consulta em que o ambiente também atua como motor da espontaneidade e cura da alma.

Representa a chance dos dois personagens interagirem com o mundo ao redor, admitindo que a cura das emoções não é apenas um fenômeno individual, mas se reflete no campo social em que o cliente se movimenta. 

Também pode ser visto como uma "clínica de rua" ou acompanhamento terapêutico, com tempo e regras prazerosas. Por exemplo, se acontecer durante uma exposição de arte, vale apreciar as obras para fazer reflexões pertinentes. Se ocorrer numa cafeteria ou biblioteca, saborear um café delicioso juntos e descobrir novos títulos para outros assuntos de conversa. O importante é que o terapeuta esteja atento para as reflexões de seu cliente.

Hoje em dia, os distúrbios psicológicos não são motivos de exclusão do doente à vida cotidiana. Com a reforma antimanicomial, os CAPs e os projetos sociais em saúde mental, uma sessão de terapia pode ser feita até em casa  (homecare), se o cliente estiver acamado, com locomoção restringida ou hospitalizado.

Na educação, o terapeuta pode se deslocar até a escola para atender alunos, professores e agentes escolares, sob demanda e dentro da coordenação da equipe pedagógica. Para isso ele precisa ter uma formação em Saúde ou Psicopedagogia e funções relacionadas à mediação escolar.

Um expert sobre a Clínica Peripatéria, o autor e psicanalista Antônio Lancetti, define: "tratamentos burocratizados, sem descobertas, repetitivos" (...) não levam à transanálise, a desconstrução de modelos de tratamento  potencialmente bons para uns, mas inócuos para outros. Para além de ser terapeuta, quem atende no modo peripatético é um amigo qualificado a analisar as rupturas da mente de seu atendido. 

Projetos sociais que atuam com moradores de rua também podem realizar o atendimento peripatético. Na rua, psicólogo e cliente  podem ser interrompidos por
imprevistos. Isso também gera cumplicidade. 




A experiência pode ser intercalada com atendimentos convencionais dentro do consultório, porque se a experiência não for boa para os dois, ela não fará sentido.

(Texto: Rosemari Gonçalves - CRP: 16/6679)

Referência: Clínica Peripatética, Antônio Lancetti (Editora Hucitec, 2008).




























































































































































































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