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Mostrando postagens de 2022

Pobreza e morte: processos para permissão de morrer aumentam no Canadá

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        Uma publicação do Jornal Extra Classe de 27 de dezembro de 2022 me fez parar para refletir e pesquisar sobre o direito de morrer que as pessoas têm ao adoecer gravemente.            Mas porquê isso, em meio às comemorações de fim de ano? - você poderia perguntar.         Porque o sr. Amir Farsoud, de 54 anos, residente no Canadá, está pedindo o direito de fazer eustanásia por não ter condições financeiras para pagar seu aluguel. E essa é uma questão que merece  receber uma olhada bem mais longa. Farsoud é deficiente, recebe um auxílio governamental insuficiente para suas despesas, que incluem medicação, tratamentos,  transporte, alimentação e moradia.         O Canadá tem um sistema de saúde diferente para cada província e com autonomia para decidir o que é coberto pela assistência médica pública. A pobreza não permite uma vida digna a Farsoud, que não quer morar na rua, nem ...

Ensaio sobre enxergar

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       Foto: Divulgação Em "Ensaio Sobre a Cegueira", seu livro de 1995 (Companhia das Letras), o escritor português José Saramago - detentor do Prêmio Nobel de Literatura em 1998 - criou a mesm a situação considerada por Jesus ao fabular:   "Deixai-os! Eles são guias cegos guiando cegos.  Se um cego conduzir outro cego,  ambos cairão no buraco!"  (Mateus, capítulo 15, versículo 14)            Para quem não  leu o livro em questão, subitamente uma estranha doença torna as pessoas cegas. Cem por cento de escuridão. Em casa, no metrô, no trabalho, todos vão ficando cegos e, a partir de um primeiro hospedeiro, a doença da cegueira se dissemina sem discriminar idade, raça ou sexo.  Poucas pessoas tem o desprazer de continuar enxergando. Não é  fácil  enxergar porque as coisas vão de mal a pior tão rápido desde que a doença chegou.            Como poucos enxergam,...

Seu cérebro quer amar

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  Por Rosemari Gonçalves (psicóloga e psicopedagoga - CRP 16/6679) Whatsapp 27996580809 “Pela primeira vez, na história a sobrevivência física da humanidade passou a depender de uma radical mudança psíquica da pessoa”. Quem disse isso foi Erich Fromm, sociólogo, humanista e psicanalista alemão. Isto para mim quer dizer que a solução para nossa impotência diante dos problemas não depende apenas de raciocínio, cálculo, intelectualidade, mudança política ou pacote econômico. A estratégia que devemos tomar agora para reverter essa louca e desenfreada caminhada da humanidade rumo ao caos é outra. Estamos caminhando praticamente no escuro, sofrendo dia a dia perdas consideráveis de esperança e solidariedade - e é por isso que o neurobiólogo chileno Humberto Maturana nos lembra que “nossas atuais dificuldades não consistem no fato de não dispormos de suficiente saber ou de capacidades técnicas (...) Nossas dificuldades do presente derivam da falta de sensibi...

Ser feliz é beber água!

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Por Rosemari Gonçalves, psicóloga e psicopedagoga (Ilustração: Paul Sanz I Villa, Freepik) O que será que vem primeiro?  Sermos felizes para só depois agirmos? Ou agirmos antes para só depois sermos felizes?  Para entender esse dilema, perguntamos sobre felicidade para sete crianças. Isso porque as respostas dos adultos podem nos deixar ainda mais confusos. "Antonela, o que te faz feliz?", perguntamos. "Ser feliz é beber água, é não fazer nada, é subir em árvore, é comer", respondeu a menina que acabou de fazer 5 anos, sem nem buscar complicações.  Porque é tão difícil ao adulto ser feliz? Perguntamos isso ao espelho toda vez que a vida traz até nós as principais questões existenciais: nossa instabilidade geral frente aos fatos, a necessidade de ter um outro ao nosso lado que não nos obstrua o crescimento, a finitude da vida, a nossa incomplentude, a solidão inerente à condição humana. Porque somos adultos, as variáveis para a equação da felicidade se multiplicam e ...

A Terapia Centrada no Cliente: para quem ela funciona?

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  Essa abordagem de terapia exige foco e olha de frente para os problemas, numa parceria entre terapeuta e cliente em que os pontos fortes de um e do outro atuam na cura e solução mais rápida dos conflitos. TCC é válida para todos os tipos de pessoas? Em qual cliente a Terapia Centrada no Cliente pode dar resultados? Não é certamente para todos os temperamentos e nem eficiente para graves patologias psicológicas. Ela depende da capacidade do cliente tomar decisões conscientes de mudança a partir da compreensão e do processo terapêutico, portanto, requer engajamento total e prontidão para seguir as pistas do tratamento. O terapeuta que atua com essa visão não recorre aos traumas passados tanto quanto alguns clientes gostariam. A visão é mais voltada para o bem viver do agora e da adaptabilidade ao presente como momento atualizador e propulsor do futuro. Precisa da inteligência emocional do paciente ser despertada. Sim, quase tudo aquilo que não te mata te transforma. Aquilo que te a...

Aos 98 anos que meu pai Pedro faria em 13 de julho

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  Ele faria 98 anos hoje. Pedro Gonçalves se dividiu entre trabalho, família e boas amizades. Mas a idade e o corpo físico lhe deram um rastapé. Foi-se deixando uma lacuna. Tinha feito muito pelas filhas e netos. Deixou casa pronta para todas. Deixou princípios e valores bem claros sobre como deveríamos prosseguir. Ele não viu o Coronavirus derrubar as economias individuais e coletivas e isolar as pessoas. Ele não viu os últimos e malfadados governos que prometeram uma sociedade digna e falharam. Ele não viu muita coisa ruim.  Não viu também muita coisa ótima, como os bisnetos Lucas e Nauã. Não viu as três filhas se posicionando no século XXI com mais garra que nunca. Não viu o seu amado futebol virar coisa sem graça. Não viu os novos ritmos musicais. Nem a liberdade sexual que se desenha, com agravos e acertos. Pedro construiu uma vida sólida. Muitos ainda lembram sua mania de ajudar vizinhos, de consertar coisas quebradas e de caminhar por Sampa. Eu lembro de nossa convivênc...

O que é depressão de inverno ou sazonal e como ela te afeta?

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  Sua produtividade baixou e você tem difiuldade em tornar os problemas da vida mais leves com um pensamento positivo? As mesmas coisas da rotina que antes você enfrentava numa boa começaram a ficar pesadas demais? Está comendo sem parar e continuando a sentir fome ou simplesmente parou de ver graça na comida? Dormiu mal porque o cérebro simplesmente não desligou à noite? É, o inverno chegou! O inverno é uma estação introspectiva, linda, elegante. Mas existem pessoas mais sensíveis à mudança na luminosidade e extensão dos dias invernais. Baixas temperaturas e chuvas podem ser bem melancólicas.Você pode estar com depressão sazonal. É a depressão que chega no inverno e atrapalha as funções dos neurotransmissores e mecanismos biológicos que são automáticos no corpo.  A nossa percepção da beleza e da bondade fica comprometida quando o inverno chega. Começa pelo visual à nossa volta mas acabamos por interiorizar e ceder a uma tristeza e irritabilidade sem motivos. Saiba que a depre...

Krenak, Kaingang, Zo'és, Macuxi, Yanomami, Pataxó, Pankararu. Deixa o índio lá!

     Em maio ouvi dizer que todo brasileiro é um pouco negro, um pouco índio, um pouco branco. Ouvi dizer que existe uma cosmovisão gritando que somos todos irmãos.  Fui pesquisar e aprendi que somos todos "bidés" (seres humanos), todos em fuga da solidão de sermos separados dos povos originários. Ouvi do pós doutor Casé Angatu que Opakatu é um cumprimento para todos, todas e todes. Tudo um pronome só, para o indígena que sonha com uma vida mais simples, em sua terra, em sua cultura.  Ouvi a pedagoga Laila Krahô dizer que existe um saber europeu que sustenta uma ordem de poder colonizante que mantém o índio brasileiro em perigo constante de ser fora da lei em sua resistência. Ela afirma que todos nós somos mais que nossos diplomas e nossas propriedades e é melhor se perguntar sempre "quem sou eu" e quando descobrir não arredar pé de achar sua autenticidade.  DEIXA O ÍNDIO LÁ! São 896.917 indivíduos indígenas no país, circulando em 716 cidades (segundo Censo...

Gente é para brilhar, não para ter medo da própria luz.

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  Gente é para brilhar. Todos temos um lado sombra e um lado luz. Não se trata de negar um e aderir ao outro. Não se trata de excluir o que em nós possa ser escuro e imperfeito, porque seremos incompletos até que possamos integrar os dois lados. A dualidade na unidade. Feminino e masculino. Reto e curvo. Belo e feio. Silêncio e protesto.  Antes de entender isso, somos seres partidos. Feridos. Saímos da infância para sermos introduzidos num mundo de "nãos". Um mundo que separa com obstáculos o desejo e sua concretização. Perseguimos uma luz que parece ser apenas fantasia, sempre buscando voltar àquela unidade onde havia a proteção da casa paterna e do colo materno. Entre infância e velhice, nos sentimos num tabuleiro de emoções díspares. Adolescemos. Percebemos que nada é absoluto. Tudo é relativo.  Sem uma fé, seremos massacrados. Fé no Bem. Fé em que caminhamos para um sentido. Sempre assustados por estarmos partidos. Jogados na matéria. Iludidos que o mundo existe para ...

Diabetes e as emoções que provoca...

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  Como toda doença crônica, a Diabetes causa mudanças de humor pela perda de liberdade em relação a hábitos alimentares, introdução de novos ritmos de exercícios físicos e sensação de vulnerabilidade devido à predisposição a doenças decorrentes do longo uso de medicamentos.  Fazer um acompanhamento psicológico após o diagnóstico e durante o tempo de eventuais crises de ânimo é algo pouco adotado individualmente pelos portadores, além de ser uma política preventiva em saúde com pouco destaque, apesar dos protocolos e das campanhas de educação do SUS - Sistema Único de Saúde. A  Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que  1 em cada 11 pessoas no mundo tem Diabetes . Já no Brasil, 8,9% da população possui a doença (dados de 2019). No entanto, desse total,  50% não sabem do diagnóstico (www.diagnosticosdobrasil.com.br, 2019). Em 10 anos, a população diabética no Brasil aumentou 60 por cento (MS). Com essa taxa alarmante de crescimento ano a ano no número de diab...

Ser feliz como Caetano...

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O que é felicidade? Vamos perguntar a um mestre. "Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João. É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi. Da dura poesia concreta de suas esquinas..." Assim o mestre Caetano começa a nos introduzir numa relação de realidade com felicidade. O que se espera viver e o que a vida oferece de verdade. Sempre diferente da nossa expectativa. Mas nem sempre pior. Isso é felicidade. Bastar-se com o que se apresenta (música Sampa). https://open.spotify.com/episode/5O3lryIVZhStFbmANQyOrm?si=oWIqBOmDRqmM6Y7wkcBlOQ&utm_source=copy-link Na simplicidade do contentamento com o cotidiano. Como a felicidade pode ser "tomar um sorvete, me ver de perto, andar com a gente, ouvir aquela canção do Roberto"? Sim, ela pode ser ter o suficiente para terminar o dia sorrindo. Dizendo I love you para quem está se aproximando (música Baby). E então, ser feliz pode ser aceitar "Os quereres" da nossa j...

A felicidade e a morte de Moise Kabagambe

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                 A realidade se apresenta triste. Uma morte a mais numa persistente estatística brasileira de violência racial. Consigo sentir uma dor profunda que é fruto de um mal estar que não é só meu. Não fui partícipe das escolhas que resultaram na morte do congolês Moise Kabagambe, no Rio de Janeiro. Mas ela me atinge. Ela integra os meus sentimentos nesta semana. O que fazer?            A primeira reflexão a que chego é que a realidade sempre trará situações em que terei uma escolha sobre persistir no meu ideal de felicidade ou a outra opção - que seria terrível: desistir de espalhar boas notícias tão necessárias nesta época.               Ah, essa outra opção não faz parte da minha personalidade! Eu amo a vida. A minha e a de todos os outros. Não posso deixar que a escolha absurda daqueles espancadores no Rio me retire a vontade de crer que o Brasil será mais justo...

A felicidade importa, sim

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 Em seu livro "A Ciência de Ser Feliz", Susan Andrews, doutora em Psicologia Transpessoal diz que "Um estudo com mais de 1.700 pessoas feito pelo Instituto Para o Avanço da Saúde, nos Estados Unidos, concluiu que comportamentos e emoções altruístas produzem uma espécie de "helper`s high" (barato de quem ajuda) que alivia desordens relacionadas com o estresse, tais como enxaquecas, e até mesmo dores associadas a transtornos mais sérios, como lúpus e esclerose múltipla" (pág.68, 2011). Imagine um mundo em que a sua felicidade própria é intrinsecamente ligada a tornar os outros mais felizes! Basicamente estaríamos ratificando ensinamentos como o de Jesus "ame o próximo como a ti mesmo" ou de místicos mais recentes, como Shantideva, mestre indiano do século VIII que disse que "aqueles que são infelizes no mundo assim o são porque desejam apenas a própria felicidade". O mestre completa que para sermos felizes neste mundo, precisamos desejar ...